quarta-feira, 5 de setembro de 2018

tava aqui pensando nas cenas de aeroporto que vi semana passada. vi homem falando dos peitos da comissária como se ela fosse uma vaca (eu tinha um professor na biologia que fazia o mesmo: "boa inserção mamária"). vi homem discutindo com atendente (mulher), esbravejando, ameaçando, dando carteirada ("meu cunhado é piloto"), porque o bonito não podia sair do celular para embarcar. quando o avião não pousou no destino por causa do tempo e descemos em outro estado, vi homem crescendo pra cima de atendente (mulher), com dedo em riste. vi homem tentando calar mulher. vi homem desrespeitando mulher. e me lembrei que eu, adolescente, achava horrível minha prima chamar os caras de "escroto". como assim, ela não sabe o que significa? hoje eu acho que não tem termo melhor para qualificar homem de merda: macho escroto. pior que macho escroto é macho escroto que vem em bando. pior quando envelhecem, macho escroto velho. ainda pior, um bando de macho escroto velho. escrotos, todos. tava pensando nisso e me lembrando que, semana passada, vizinha evangélica ouvia pregação no rádio sobre a promiscuidade da mulher do século 21, essas 'cachorras'. ela, tratada feito lixo pelo marido pastor. e agora, enquanto tentava estudar, ouvia a filha dela reclamando da escola da criança, que fez uma apresentação ou algo do tipo que incluía casais homossexuais. a professora é "vagabunda", "safada" porque está ensinando "tudo o que não presta", mostrando "um monte de viado". "somos todos iguais o caralho". mas, diz o marido, agora as pessoas denunciam no facebook, nos grupos 'essa safadeza'. eu não sei. eu sou privilegiada. sou mulher, o que é uma bosta nesse mundo de merda, mas sou privilegiada. penso nas pessoas que resistem. que precisam lutar diariamente para sobreviver para serem quem são. por serem quem são. queria poder abraçar cada uma. a vocês, meu respeito e meu amor.

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