quarta-feira, 2 de novembro de 2011

e o que você faz? corta o cabelo, compra roupa nova, viaja. você disfarça. você se engana. porque, todos sabemos, não importa onde você esteja, ainda será você, com todas as dores. e voltar será ainda mais difícil porque você vai se lembrar do quão covarde é por fugir. e não há prova maior de que eu estou fugindo do que essa dificuldade em escrever. eu sei bem. estou evitando o confronto. estou congelada. eu pensei que seria bem mais fácil agora, mas eu só vejo aumentar a pilha de artigos e teses que eu devo ler. estou adiando todos os encontros com a orientadora porque eu não tenho nada. não sei por onde começar. e, como ela sabe, deveria ir pro laboratório todos os dias. o que eu não estou fazendo, óbvio. porque, olha, não é só o problema de ter que ~interagir~ com aquelas pessoas. todos aqueles porquês e comos e quandos. o pedante que quer substituir Chomsky. a bitch que quer o meu lugar no lab, minha bolsa, minha orientadora. aquela que me diz que sou egoísta e egocêntrica porque não quero morar numa rep com o pessu da facul (se bem que, exatamente agora, eu poderia considerar essa opção porque não aguento mais festa até 7 da manhã finais de semana e feriados. não aguento viver num lugar com adolescentes histéricas que não me deixam pensar. e gente deselegante que não limpa o filtro da máquina. enfim). a questão é esse sentimento de não pertencer. isso de me sentir tão pequena. de achar que as coisas são sempre tão mais difíceis pra mim. de ter que conviver com gente que, além de bonita, é inteligente e gosta de esfregar os A's e os projetos e os contatos na minha cara. acho mesmo que deve ter algum problema comigo. minha psicóloga tentou me convencer que não, imagina ju, as pessoas que se aproximam de você é que têm problemas. a paranoica, a narcisista insegura, aquela que tem mania de perseguição. mas, vejam, se estas pessoas se aproximam de mim é porque, de alguma forma, se identificam. e eu fico aqui me perguntando por que tenho sempre que me desculpar por aquilo que eu sou. eu disse pra ele que estava cansada de me desculpar, mas que poderia fazer isso mais uma vez. eu me desculpei por ser quem eu sou. de novo. não sou uma pessoa ruim, sabe. então eu fico me perguntando o porquê. o que é esse sentimento que me faz tão amargurada que eu preciso me desculpar por existir. 

talvez seja o que me falta. 

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