terça-feira, 27 de setembro de 2011

então hoje eu fui pro treino de defesa pessoal e, estranhamente, não ganhei nenhum hematoma novo. mas recebi notícia nova. notícia ruim, na verdade. Caio disse que não pode mais dar aula neste semestre. porque tem aula demais, trabalha demais, ocupado demais. e eu fiquei triste demais. porque não se trata só de saber manejar uma faca ou um bastão. não é só aprender quais pontos atingir com um soco ou um chute. é sobre mim. sobre como descobrir essa força interior, como encontrar meu equilíbrio. como me defender de mim mesma. qualquer coisa que eu diga aqui seria insuficiente pra descrever o bem que esse curso me faz. o quão confiante e segura me faz sentir.

foi um dos melhores dias de taissô. eu fechei os olhos e elevei meu coração. estava tão absorta em mim, em limpar a mente, que não ouvi o barulho da obra lá fora. e, quando ele disse as palavrinhas na hora de acabar, foi como sair de um transe. era o melhor momento da semana. quando eu não pensava em nada. quando eu me sentia em paz. ele sugeriu que eu continuasse os treinos com outro professor, outra turma. mas aí eu teria que passar por tudo de novo. não, obrigada. estou um pouco cansada de recomeçar sempre. 

saí da aula e, no caminho pro terminal, parei num sebo. quatro anos morando aqui e eu nunca tinha entrado nesse sebo. porque eu julgo livro pela capa. gosto de livro novo, do cheiro. gosto de assinar, datar, carimbar. sentir a capa, folhear. de começar minha história com o livro. mas eu estava triste e achava que merecia um livro. e tinha esse, azul, que por acaso estava na minha lista. tem uma dedicatória da Lia pra mãe dela, de março de 2003:

pra você, mãe, pessoa mais plena que eu conheço!

eu comecei a ler no 337, voltando pra casa. a dona mãe da Lia marcou as passagens preferidas com uma caneta marca texto. isso me deixaria profundamente irritada. mas hoje não. apertei o livro contra o peito, como seu abraçasse Lia e a pessoa que ela ama muito. e eu me senti menos sozinha. 

li o livro pelos olhos da mãe da Lia. e pretendo dar pra minha mãe, que é a pessoa mais plena que eu conheço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário