segunda-feira, 18 de julho de 2022

eu amo true crime. posso passar o dia todo assistindo o canal ID. mas me incomoda demais chamarem o criminoso de monstro. como se fosse uma criatura mítica, fantástica, irreal. porque seria uma anormalidade, difícil de acontecer, identificar, tratar, prevenir. e, na verdade, são todos homens comuns. o médico que abusa da paciente, o marido que tortura a mulher, o pai que estupra a filha. como seu vizinho, seu tio, seu irmão. com exceção dos casos de transtorno mental grave, tudo gente normal, comum. demasiadamente humanos. tudo cidadão de bem.

sábado, 9 de julho de 2022

não existe mais racista, homofóbico, misógino desde que descobriram estigmatizaram transtorno mental.

sábado, 25 de junho de 2022

qualquer ranking de beleza masculina que não inclua Idris Elba é bullshit. se for ranking acadêmico, é racista. só dizendo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

tava vendo um seriado engraçadinho. quando o protagonista faz uma piada racista, imediatamente se dá conta e pergunta, genuinamente interessado em aprender e corrigir, se foi racista. me lembrei de quando fiz um comentário e uma amiga negra disse que foi racista. eu neguei, me pus na defensiva, me justifiquei. eu?? imagina!! lembrei de um professor que fez uma piada racista e, quando uma aluna protestou, ele se vestiu de toda a prepotência e superioridade acadêmica: eu, enquanto pesquisador da língua afro-brasileira, não admito ser chamado de racista. por que não podemos simplesmente aceitar, reconhecer, se desculpar e tentar não errar de novo? por que temos que tentar silenciar de novo e de novo o preconceito? lembro disso com muita vergonha. desde então, tenho tentado reconhecer meus preconceitos e não reproduzi-los. exceto meu preconceito contra bolsominion. esses, eu quero genuinamente que se fodam.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

eu não aguento mais. essa ode à burrice, essa estupidez orgulhosa. tenho vergonha. tenho desprezo por cada um que contribuiu (ativamente ou por omissão) pra gente chegar aqui. não perdoo. não vou esquecer. meu único objetivo agora é não matar meus pais.

cuidem-se. cuidem dos seus. 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

clonaram meu cartão de crédito. tentaram fazer uma compra de 3800 reais. meu limite é menos da metade disso e eu já tinha gastado tudo em vinho. golpe em pobre alcoólatra, eu ri. 

domingo, 13 de dezembro de 2020

essa onda de gente usando transtorno mental pra justificar canalhice. fui racista, mas sou bipolar. matei minha ex, mas estava deprimido. olha. 

16 anos de tratamento. sou doida, mas nunca cometi crime. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

vou sair da quarentena gorda, deprimida e desempregada. nada de novo debaixo do sol.

sábado, 28 de março de 2020

janeiro 2020: esse ano eu não morro.

março 2020: pelo menos vou ser cremada.

terça-feira, 24 de março de 2020

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

sábado, 7 de setembro de 2019

hoje eu tava dormindo quando me ligaram da secretaria de educação. aqui, da educação...você fez processo seletivo...aulas de português...a moça precisou repetir três vezes porque eu não tava entendendo. estavam me oferecendo aulas numa escola municipal porque eu passei no processo seletivo no começo do ano. passei em primeiro lugar, escolhi a escola e o período e não aguentei uma semana. quatro dias e eu estava completamente descaralhada. desisti. passei semanas sofrendo por isso, me achando incompetente, fracassada. e hoje eu tive que fazer um esforço pra me lembrar disso. eu esqueci. passou. é o que me conforta: eu sofro, morro um pouquinho, mas passa. e eu continuo.

(não aceitei, óbvio.)

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

sábado, 3 de agosto de 2019

eu desisti da escola. depois de voltar chorando no ônibus por 40 minutos, larguei a biologia. me fodi. resolvi voltar pra faculdade. porque eu gostava de literatura, escolhi letras. eu tinha um plano: graduação, iniciação científica, mestrado, doutorado, concurso, ensino superior. algum dinheiro e certo respeito. na graduação, caí em depressão, me fodi. mas terminei, com algum respeito. virei exemplo quando entrei no mestrado. não sei por que diabos larguei o discurso e entrei na sintaxe gerativa. me fodi. entrei em depressão. de alguma forma, terminei, com alguma dignidade. porque não tinha escolha, entrei no doutorado. fiquei doente, deprimi, bebi o mundo, passei vergonha, me fodi. jubilei. voltei pra casa, 10 quilos a mais, com síndrome de burnout. com remédio e terapia e pilates, terminei. completamente fodida. não conseguia olhar pra minha tese, não conseguia publicar, não conseguia estudar pra concurso. larguei a academia. viajei, me apaixonei, me fodi. voltei, sem emprego, sem dinheiro, sem plano. deprimi de novo, perdi 5 quilos. porque queria refazer tudo de outro jeito, viajei de novo. quatro meses em que eu não estava fodida. voltei, sem dinheiro, sem emprego, sem plano. porque não tinha experiência e porque tinha um buraco no meu cv, fui fazer concurso. estudei, viajei, me desesperei, me fodi. deprimi, voltei pro remédio. porque antidepressivo é o que nos salva do caos, depois de 2 anos, passei no concurso. me preparando pra segunda fase, descobri os nomes da banca. porque marte tava retrógrado e o universo tava cagando na minha cabeça, tava lá o colega que copiava trabalho do roommate. o cara que grudava no professor pra conseguir qualquer vantagem. o cara que me viu bêbada, arrancando a blusa, que deitou comigo segurando meus peitos. depois que eu vomitei e entupi a privada do banheiro da casa dele. que me rejeitou. o único cara que eu não gostaria que me visse tremendo, gaguejando. porque eu ainda me lembrava da professora rindo nas minhas costas na última prova, desisti. chorei, me desesperei, me culpei. porque o desespero sempre tem fim, saiu o resultado do outro concurso. passei. bebi o mundo. porque tinha emprego, fiz planos. mas nunca acaba. porque nada é tão simples, um filha da puta entrou na justiça e a homologação do concurso foi suspensa. fiquei em suspenso. fiz uns trabalhos de revisão, caiu um dinheiro na minha conta, esqueci. não tem fim, não tem moral. continuo em suspenso.